Portuguese Art/Literary Poetry & Literature António Lobo Antunes, Memória de elefante

O protagonista e um amigo dele estão num restaurante ou centro comercial, ou não sei que lugar que parece ficar na rua Marquês da Fronteira (Lisboa), frente à prisão e chama-se Galerias. São os anos 70 do século passado. O autor descreve o aspecto interior da sala. Não consigo imaginar essas lámpadas nem entender o que quer dizer passadeira neste caso.

Contexto:

Tinham abandonado o almirante a assoar-se tumultuosamente à vela do lenço e escolhido o andar do meio, que o médico preferia pela tonalidade de incubadora da luz, lâmpadas escondidas em tubos de passadeira de latão. As pessoas comiam ombro a ombro como os apóstolos na Última Ceia e do outro lado das ferraduras dos balcões os empregados agitavam-se num frenesim de insetos, fardados de branco, comandados por um tipo à paisana de mãos atrás das costas que recordou ao psiquiatra os fiscais das obras a assistirem de palito nos dentes ao esforço de galés dos operários: nunca entendera a razão de ser dessas criaturas autoritárias e silenciosas observando o trabalho dos outros com pupilas de goraz, encostados a gigantescos Mercedes azul cueca.